Agarrei em
todas as luas e noites,
perfiz um buraco cheio de escarpas.
Nesse mesmo
céu escavei abismos
Logo senti
trementes temores e sismos.
Uma ausência
de tudo maravilhoso
Que me atrai
friorento, ocioso e vicioso.
Esperei que
vozes me chamassem,
voassem
melodias no céu cantando
e ao menos
disfarçassem os uivos
da alcateia
de dentes e pelos ruivos
impregnados
de sangues e vermelhos,
me anseiam
como a carne dos seus coelhos.
Fiz um
buraco, não sei onde,
Escavei
muito e construí escarpas,
pintei nelas
desde Sintra e Arrábida,
arranhando-as
com a letra árida
que se
fascina com novas alturas
tão
friorentas, ociosas e duras.
Sem noites e
luas,
Ficaram os
dias desorientados, desalentados,
quedados por um compromisso que não seu,
confundem
escarpa, falésia com apogeu.
Perderam o
peito, a mama e o umbigo,
Têm frio e não
saberão quem levam consigo.
António Sérgio Godinho
22 de setembro de 2013