Sei que
envelheço
mais preciso
na insabedoria
das coisas
que se tratam…
Neste
envelhecimento ténue
sinto a
certeza de tudo
já saber
sobre o nada que sei
e nunca
sempre sei.
Retratam-se
filmes e livros,
Estrofes,
versos e demais parágrafos;
tratam-se de
crianças e adultos,
de casas e palácios…
debatem-se certezas
e certos erros…
esqueci-me!
Esqueci e
fiquei cultivando sonhos,
fiquei a
pintar céus e a dar
ventos a
pinturas;
fiquei a ver
o azul e o ar:
umas vezes
sentei-me, outras debrucei-me:
passeei
demais pela janela.
Agora envelhece-me
a voz,
os ditos, as
línguas arrastadas,
também os
beijos e as conquistas;
envelhece a
sabedoria de saber
que chega:
nada mais quero saber!
António Sérgio Godinho
24 de março de 2014