sábado, 23 de junho de 2007

Humano

O Homem esquecesse a política das
sociedades, essa força que escava mazelas
na vida, interrompendo qualquer deixa
para possibilidades. Teria os olhos na
disciplina e na partilha; ambição de vida,
respirar pureza na alimentação do
bem-querer. O crescimento cai nos
punhos cerrados, quando o ar abafa no
pouco espaço apertado e fétido. Põe-se na
água o vómito do desenvolvimento. O
rumo fez-se com mãos abertas e olhos
orientadores; o rumo já mostrou cruz e
crucificados; falta erguer novamente as
mãos para pegar e afagar a vida. Os
mentirosos não educam; muitas crianças
são desperdiçadas em falsas liberdades e
causas. A fome não é deriva mas deriva
luto. A super-raça, ou tais ideias, apenas
tem ateado extinção, no entanto, os
homens acham-se na raça. As palavras
têm persuadido e aldrabado, nem todos
deveriam conhecer alfabetos; já muitos
idiomas foram corrompidos pela doença
dos homens. Os génios, muito se diz dos
génios, mas esses criaram bombas a
hidrogénio ou esconderam-se em
lâmpadas. A luz cegou quem não quis ver.

Volte o Homem ao início, ao seu início.
Não se julgue só e egoísta nestes mundos.
É espécie sofredora de futilidade e outros
géneros frutíferos. A vida faz-se nas sopas
inorgânicas, em acasos mais pesados que
o tempo. Nunca nenhuma artimanha
criou essências, nem mesmo os
alquimistas viram sangue no ouro. Volte
ao começo, quando tinha medo sem o ser,
quando a certeza era estar só entre tantos
mundos, antes de um abraço ter levado
ao padecimento.

Apraz saber que num dia apenas, muitos
outros dias nascem e novos séculos, até
novas eras. Quando um mundo se vira
para a luz, banha-se na existência, tão
igual a tantas outras, tão pura e inocente.
A luz, pode-se negar a sua consistência,
porém, é o princípio da sobrevivência
porque vê-la é ter certezas de vida. Os
veladores de mundos são chamas nos
fossos da matéria. Beije-se a beleza.
Espalhe-se o aroma do eros e provemos
novamente o sabor dos corpos mortais.
Ameigar com imortalidade, a eternidade
numa só infindável vez.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Nova lua

Nova lua que se inicia
Um livro abre-se novo
Fala pela primeira vez
Na exactidão dos parágrafos

Claro nas entrelinhas
O lado lunar virado
Descoberto pelo cansaço
De uma inacabável viagem

Terras vistas nas leituras
Faz-se das palavras o norte
E as estrelas daqueles
Que descobriram o mundo.

sábado, 16 de junho de 2007

... génese...

Seria bonito
um dia viver simplesmente
sentir a beleza e a existência
esquecer para lembrar a criação
recomeçar de novo a partir de um chão
que nunca esquecerá os passeios que teve,
as visitas recebidas, as quedas feridas
e os sorrisos que são a vida como são
os primeiros passos de uma criança – o
início da viagem; a primeira voz – o início
da descoberta; o primeiro gesto – o início
do amor e paixão; o primeiro sorriso – a
eternidade.
Seria bonito
querer ir mais longe e ser eterno,
não esquecer, lembrar é sinónimo de
sobrevivência e manter vivo é a eternidade.
A descoberta de todas as descobertas é o
saber a História que cada carne carrega, é
saber o amor que cada coração procura e
saber querer ser filho para nunca deixar
de amar e manter a voz viva de quem nos
escreveu na eternidade…

O mundo é um abraço,
simples, basta viver…