domingo, 17 de outubro de 2010

Muros

Quando pó for
e não tornar esquecimento
serei sólida inexistência
alma e corpo
enraizados nos amores e paixão
na voz que diz "Amo-te"

Gostaria de ser como os muros
agarrando musgos e fetos
com a transpiração húmida
verdejando a vida
que conserva as existências;
os olhos também brotam
mas a vida cai de mim.

sábado, 9 de outubro de 2010

Quis voltar

Quis voltar a pensar em ti, ter saudade,
ver-te espelhada em todas as faces
sem espelhos nem lágrimas nem água.

Quis semear a tua pele nas mãos
esperançosas de se aquecerem
e ouvirem cantar embalos,
adormecerem no sonho eterno do colo desejado.

Porque cresci...

Não há razão para impedir
a chuva de calar o silêncio,
antes molhemo-nos todos
do que a fúria se alastre
e arda o fogo que espera
pela chama da paz aliciada
os abraços em falta
o sorriso por detrás do eclipse
a vontade embriagada
e as presenças esquecidas.

Por que cresci?

E servirão as mãos para se tocarem
e sentir ambas as rugas
dos versos que já não se apagam,
a história sentida e delicada
em que bastou sempre um silêncio oportuno.