segunda-feira, 5 de novembro de 2007

O sol desce o pano, minha alma

O sol desce o pano
Minha alma,
Acompanha-o e foge
Do corpo que te prende
E vicia nas visões que te dá.
Embebeda-te de calor e luz
Agonia-te no brilho inexcessivo
De semear primaveras
E crescerem sementes.

Levanta-te e vai,
Sente o erguer da plenitude,
Do vasto esplendor e eternidade.
Procurar leitos para ficar
É suportar noites mal dormidas
Também
E se sabemos que algures
O sol nasce,
Porquê não procurar esse
Parto diário?
Fossemos braços parteiros
E ouviríamos constantemente
A nota afinada da nascença,
A segunda fase da vida
Depois da concepção, da fecundação,
Do êxtase, assim seja!
Renasce, minha alma,
Não fiques a ver o pano descer.

in "Profundo Azul"