quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quem quer que venha

Quem quer que venha
E venha por bem,
Abra a porta e fale calado.
No silêncio das armas
Espalha-se o incenso
De ervas verdes e outras naturezas.
Que se aproveite a paz !
Que se fale no silêncio
E sem palavras,
Deixá-las nas folhas
Que crescem
Para as árvores do futuro.

Sem nada para dizer,
Penso no que devia ter dito
E não disse:
Não havia nada para dizer !
Tudo era irrelevante
A não ser o que se revelava !
Proponha-se um silêncio trocado,
Falado pelos olhos
E a dúvida de tocar ou não.

Quem vier e abra a porta,
Abra a janela também !
Que entre o ar espalhado
Pela sala e outros abandonos.
A madeira castanha
Dos móveis envernizados,
É história por si só.
São rábulas
Que não emigram do ninho,
Mas nada se sabe
Do que move essas rábulas.

in "Profundo Azul"