Não há outra qualquer sorte
Adiantar-se nesta noite!
O vento está mesmo forte
E em tudo dá um açoite.
Vejo mesmo o breu cinzento
Arrastando-se no asfalto e cimento,
Levando troncos de árvores e
folhas
Espalhando e dando valentes
solhas.
Para quê este forte vento de
descrença?
louco, louco como uma doença!
Por que se faz ouvir mais que
valha?
gritando, fazendo sermão, uma
ralha!
Alerta a confiança a abrigar-se
no esconderijo
Pois esta noite é do vento e
seu regozijo.
António Sérgio Godinho
28 de setembro de 2013