terça-feira, 1 de outubro de 2013

Vento



Não há outra qualquer sorte
Adiantar-se nesta noite!
O vento está mesmo forte
E em tudo dá um açoite.

Vejo mesmo o breu cinzento
Arrastando-se no asfalto e cimento,
Levando troncos de árvores e folhas
Espalhando e dando valentes solhas.

Para quê este forte vento de descrença?
louco, louco como uma doença!
Por que se faz ouvir mais que valha?

gritando, fazendo sermão, uma ralha!
Alerta a confiança a abrigar-se no esconderijo
Pois esta noite é do vento e seu regozijo.

António Sérgio Godinho
28 de setembro de 2013