O que seria
eu se palavra não existisse?
Seria certamente
o espaço branco
entre estrofes,
uma linha
para respirar
em que só se
deleitosamente anseia
o verso seguinte.
Sossegarias vida,
como a tília
que envelhece
para ser
o repouso de
outro sangue,
se fosse uma
onomatopeia de raiva?!
Que seria eu
entre onomatopeias
arfantes,
ofegantes,
projetadas nos
desencontros
de um sangue
desassossegado
que não
sossega sossegado
ansiando,
ansiando mesmo,
respirar naquele
pequeno traço branco
onde palavra
não existe
onde a vida
parece repousar.
António
Sérgio Godinho
3 de março de 2014
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